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quinta-feira, março 20, 2008

Único e para todos

As fotos abaixo fazem parte do álbum de uma amiga e foram tiradas durante uma viagem à Tanzânia, onde ela e um grupo de montanhistas subiram o monte Kilimanjaro, o mais alto da África.





Olhando essas imagens, qual é a impressão sobre estas crianças? Assim como eu, acredito que muitos leitores também vão pensar em estudantes, evidenciado pela igualdade das roupas que estão usando. Ainda que não se saiba como é a qualidade da educação naquele país, ao menos se tem uma idéia de organização e disciplina.

Mas ao entrar numa escola pública no Brasil, ou em algumas particulares que não obrigam o uso de uniforme, você se sente em pleno carnaval. Nas ruas, você não sabe se aqueles jovens estão indo para uma aula, ao shopping ou a uma festa.

Semana passada, estava assistindo num jornal uma polêmica nas escolas públicas em Goiás. Estudantes eram mandadas para casa por utilizarem roupas muito curtas ou justas. Segundo a diretora, como muitas iam para a aula de barriga de fora e com saias curtas, os meninos ficavam tirando fotos com os celulares, atrapalhando a aula.

Uma das meninas, toda faceira, disse que para burlar a fiscalização puxava a blusa para baixo ou colocava os livros à frente e, depois que estava dentro da escola, ajustava a roupa. Que belo exemplo, que futuro nos espera!

Uma mãe acompanhava a filha. Pensei que ela ia apoiar a idéia da escola, mas me surpreendi com o depoimento. “Eu vim aqui para saber o que tem de indecente na roupa dela”. Que belo exemplo dos pais!

Quando achei que não tinha como ficar pior, o repórter comenta que em Goiás há uma lei proibindo a obrigação de uniforme. Que belo exemplo da justiça!

Uniforme quer dizer de forma única, semelhante. Se todos ali são estudantes, porque não usar roupas que os identifiquem assim, colocando todos de igual para igual? Quantos problemas não surgem porque as mentes fracas da juventude ainda não conseguem distinguir que uma marca não faz diferença? Assim, surgem competições para ver quem tem a melhor roupa, quem não a repete ou qual menina usa a blusa e a saia mais curta. Sem falar nos casos de roubo nas escolas por causa de roupas de marca.

Não acredito que o uniforme seja a salvação da educação no país, mas já ajudaria a começar a dar, ao menos, um pouco de ordem. Os professores perderam autoridade diante dos alunos, com o respaldo de pais que incentivam a desobediência como forma de respeito, na base do “não deixe que ninguém mande em você, faça se respeitar”. Assim, primeiro perde-se o respeito pelo professor, depois pelos pais, pela polícia...

Uma camisa lisa e calças, sem identificação de marca alguma, com uma cor determinada, com suas variações para inverno ou verão, porque não? Algo que seja barato para se adquirir e que deixe todos iguais. Não precisamos ir muito longe para outros exemplos, como nessas imagens abaixo, de estudantes em Cuba e no Uruguai.





Sempre usei uniforme, e nunca vi problema nisso. Empresas adotam uniformes. Porque pessoas em formação, distantes da maioridade e da independência, não podem usá-los e, a partir deles, começar a desenvolver respeito e disciplina? Não acredito que a criação de identidade e personalidade seria prejudicada, como criticam. Não é uma roupa que vai determinar isso, mas sim uma boa base da família.

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