Dispostos a tudo, menos a vencer
O árbitro apita. É o final do jogo. O empate em 2 a 2 entre Boca Juniors e São Paulo dá o título da Recopa Sul-Americana 2006 aos argentinos em pleno Morumbi, na capital paulista. No jogo de ida, em Buenos Aires, os brasileiros haviam perdido por 2 a 1 e não conseguiram reverter o resultado em casa.
(Mal recomeçamos com este blog e já vai virar um site esportivo? Calma, não é nada disso. Este início serve apenas para situar o leitor. Sigamos, então)
Após a partida, ouvindo os comentários na Rádio Band paulistana, o destaque era a festa da torcida portenha e o pouco caso dos locais em relação à competição, realizada em dois confrontos entre os campeões de 2005 dos dois maiores torneios interclubes da América Latina, a Libertadores e da Sul-Americana. A equipe do São Paulo fez duas partidas sem interesse algum, pois não tinha tanta cobrança da torcida, mais interessada com o campeonato brasileiro.
Mas os comentaristas, assim como outros órgãos da mídia, não se deram conta da influência que tiveram para este resultado. Boleiro lê jornal e tem uma visão semelhante a de um torcedor. Se a matéria diz que está tudo bem, sobem a moral e a soberba, acreditam-se super homens e invencíveis. Se diz que o time está mal, a situação piora e não dá vontade de sair de casa e enfrentar o mundo. Se diz que tal título não é importante, porque dar sangue para conquistá-lo?
Foi o que aconteceu no caso da Recopa. A mídia brasileira desdenhou da competição. Abriu pouco espaço de sua cobertura esportiva para, bem ou mal, o confronto entre os maiores clubes do continente na temporada passada. No principal programa esportivo do dia da final, por exemplo, nem uma citação sobre o jogo foi feita, como se não existisse. Por conseqüência, a fraca presença de público naquela noite, e ainda uma torcida que pouco apoiou sua equipe. O próprio treinador do tricolor paulista admitiu que aquele troféu não tinha importância, “motivando” seus jogadores. A conclusão da história não surpreende.
Outros exemplos de como a mídia interfere no esporte sem se dar conta. O próprio São Paulo, na final da Libertadores deste ano, contra o Inter. A imprensa paulista, de modo geral, já via a equipe como tetra campeã do torneio. Embalados no clima do “já ganhou”, torcida e atletas não conseguiam entender a derrota.
O próprio Inter foi vítima na final do Gauchão deste ano, quando pensavam poder conquistar o título com duas goleadas sobre o Grêmio. Aconteceram dois empates, na raça, e o título foi para a Azenha.
Isso sem falar da seleção brasileira na Copa...
Mas, enfim, dale ô! dale ô! dale Boca, dale ô!
Ponto final
- Se ainda não conhece, vale a pena dar uma lida no blog Confraria do Jornalismo (confrariadojornalismo.blogspot.com). Está começando, mas sinto que vai estar sempre surpreendendo.
- Deu no Correio do Povo: “Tramitam no Congresso Nacional nada menos do que 484 projetos de lei com restrições ao exercício da liberdade de imprensa. Outras 114 propostas restringem a publicidade”. Informações da fala do representante da Editora Abril, Sidinei Basile, em debate na Conferência Latino-americana de Direito à Liberdade de Imprensa e à Publicidade.
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