Reflexões de um aniversário de POA

Porto Alegre completou 237 anos nesse dia 26. Sempre fui um apaixonado cego pela cidade, defensor de suas qualidades e crítico de quem ousasse apontar-lhe defeitos. Mas aí você viaja para fora do país e vê que poderia ser diferente. Por exemplo:

- Metrô: Será que dessa vez sai? Tenho minhas dúvidas. Um bom modelo poderia ser o de Santiago, no Chile. É abrangente (cinco linhas), moderno (faz nosso Trensurb parecer uma maria-fumaça) e com plena integração aos ônibus.

-Abandono do Centro: está mudando, e a retirada do povo que não deveria estar na Praça XV é um exemplo de maior valorização para a região. Mas ainda é necessário preservar melhor o patrimônio antigo da cidade e revitalizar o Cais do Porto. Já pensaram se o movimento que existe na Cidade Baixa fosse transferido para o Cais ou a Praça da Alfândega?

- Transporte coletivo: não é de um todo ruim. Dependendo do destino, você chega mais rápido de ônibus do que de carro, por incrível que pareça. O problema é até o ônibus chegar, ou vir no horário. E, claro, a superlotação nos horários de pico e o pequeno número de ônibus para bairros com maior população.

- Motoristas: O porto-alegrense é o pior motorista do mundo, sem dúvida, porque é ignorante quando está diante do volante. Não sinaliza se vai trocar de pista ou dobrar numa esquina, acelera propositalmente para fechar a passagem de alguém, desconhece o significado da faixa de segurança e da luz vermelha na sinaleira.

- Trânsito: São muitas pessoas de diversas áreas que trabalham em poucos pontos centralizados, acessados por um reduzido número de vias. Resultado: tranqueiras. Há muito se diz que, se nada for feito, vai parar tudo. Mas tem muita gente parada que deveria estar se mexendo.

- Falta de planejamento nos bairros: Regiões mais afastadas da área central passam despercebidas do poder municipal. Ali, áreas são invadidas, se constroem casas sobre ruas, vielas são abertas de qualquer jeito e, sabe-se lá como, aparecem asfaltadas do nada, ligações clandestinas de luz, e nenhum tipo de controle é feito. Depois, por usucapião, tudo é regularizado e vira um caos.

Isso sem falar na questão da segurança. Mas esta é uma questão não só daqui, afeta até Faxinal do Soturno.

Depois de uma certa idade, as pessoas deixam de comemorar seus aniversários e aproveitam a data como mais uma oportunidade de reflexão do que pode ser melhorado para os próximos ciclos. Para a cidade também deveria ser assim. Isso foi feito?