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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Confissão

Eu escuto música sertaneja. E gosto. Aliás, estou ouvindo agora mesmo. César Menotti e Fabiano. E ponto.

Já estou há um bom tempo para escrever sobre isso. Pensei em começar esse post contando uma historinha sobre a dificuldade em admitir certos gostos, mas decidi ir direto à questão.

A primeira pessoa a descobrir foi minha namorada. Ficou surpresa, claro. Nunca tinha me escutado cantar e de repente me pegou de frente pro computador a toda voz:

Só queria dizer pra você
Que te amo e não vejo saída
Nosso caso é marcado
Nosso amor é jurado,
Você é minha vida


Ela sabia do meu gosto por jazz, tango e rock. Vou continuar ouvindo Duke Ellington, Louis Armstrong e Count Basie, Carlos Gardel, Piazzolla e Troilo, bem como assistir com todo o gosto os DVDs do Kiss ou do Nenhum de Nós. E às vezes, para variar, escutar uma música gaudéria ou sertaneja.

Eu vou fazer um leilão,
quem dá mais pelo meu coração
me ajude voltar a viver
estou aqui tão perto
me arremate pra você!


A letra é brega? Pode ser. Entretanto, uma vez colocaram essa música numa danceteria e o coro foi único e forte. Passei a conviver melhor com essa preferência e até a dividí-la com outras pessoas. Sabe o que ouvi diversas vezes? “Bah, tu também curte? Achava que era só eu. Cheguei a ir num show”. Tem um monte de gente que gosta também mas fica por aí idolatrando a última banda moderninha do underground londrino por pura modinha.

Tira esse medo de mim, não faz assim, não vai embora
Eu não aprendi te esquecer, ficar sem você, não me deixe agora.
Tira do meu coração, a solidão, esse castigo
Amor, não me enlouqueça,
Por favor, não me deixa, fica comigo...


Melosa? Quem sabe. Mas enquanto escuto vem aquela imagem do rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, com um pôr-do-sol no rio visto de um sobrado com uma varanda, uma rede e um violão.

O que é que há minha gente / O que é que há / Já estou na Fernão Dias / Vou louco pra BH
Apaixonado eu viajo à noite inteira / Encaro chuva e cerração / Pra rever minha paixão / Na capital mineira


Mas a maioria dessas canções tem histórias alegres. A felicidade da certeza do reencontro, por exemplo, após um período distante. Para mim, algumas lembranças recentes...

Se fosse para “culpar” alguém, acho que seria meu velho. Lembro de ficar ao lado dele vendo na TVE aqueles programas de sertanejo da Cultura, com a Inezita Barroso (Viola, minha viola). Tava louco para ver os desenhos, ou sei lá o que passava naquele horário, e ele não trocava. Deu no que deu. Ia para Jaguari nas férias e fazia dupla com meu primo para cantar os sucessos de Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano e Chitâozinho e Xororó no início da década de 90.

Não fosse o fato de ter aula no dia 19 de março, juntaria os “Sertanejos Anônimos” para ir ver o show do Bruno e Marrone.

Eu tento todo dia e não consigo / Viver sem teu calor / O tempo passa mas em minha vida / Meu mundo perde a cor
Eu vou vivendo sem achar motivo / Como esquecer a dor / Talvez encontre a luz da minha vida / Pra não morrer de amor!


Ok, eles estão mais para música romântica do que pra um Tonico e Tinoco ou Milionário e José Rico. Mas tá valendo.

Acabou o CD. Mas, pronto, desabafei.

Ponto final

Falei de música gaudéria e do velho. Agora estava vendo um vídeo do César Passarinho na 13ª Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana. É de arrepiar. O coitado estava torto, errando a letra, mas matava a pau:

Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai
Botas feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai
Lenço vermelho e guaiaca compradas lá no Uruguai
Pra que digam quando eu passe saiu igualzito ao pai

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