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terça-feira, março 09, 2010

Punta del Diablo e os 1.100 km em dois dias

A proposta feita pelo tio da Tassi de rodar mais de 1.100 km em 36 horas pode parecer cansativa. Mas a ideia de passar um final de semana fora de Porto Alegre em uma pequena praia do litoral norte uruguaio, era motivadora, ainda mais pela companhia de amigos.

Assim, sábado, às 6h da manhã, partimos rumo a Punta del Diablo, balneário localizado a 30km da fronteira entre Chuí, no Brasil, e Chuy, no Uruguai.

Trânsito na BR-116 e monotonia na BR-471

O começo da viagem é sempre de movimento mais intenso. O trecho da BR-116 até Pelotas e depois na BR-392, entre Pelotas e o acesso a BR-471, é de grande movimento de caminhões, principalmente para o porto de Rio Grande.

Em compensação, ao sair da rodovia em direção a Santa Vitória do Palmar, o cenário muda completamente. A BR-471, neste trecho, é praticamente um retão único de mais de 200km, cercado de campos que parecem iguais sempre. A viagem se torna monótona e demanda do motorista o máximo de atenção, principalmente pela alta velocidade em que andam os poucos veículos que ali circulam. O trecho mais complicado são os 15km na reserva do Taim, no qual a velocidade deve ser reduzida, dando a impressão que não se está em movimento.

Chuí, o fim do mundo. E o começo de outro.

Apesar de não ser um dos lugares mais bonitos da Terra, a chegada ao Chuí é um momento de alegria, depois de duas horas só vendo lavouras e gado. A principal atração da cidade fronteiriça são, obviamente, as compras nos free-shops na longa avenida limite entre Brasil e Uruguai.

Os free-shops na avenida na fronteira

Para quem mora em Porto Alegre, não recomendaria uma viagem apenas para compras no Chuí. O custo é mais elevado que em Rivera e a variedade de produtos não é tão boa, mas já que se passa por ali, vale aproveitar. Eletrônicos não compensam. Bebidas e perfumes, sim.

Numa viagem anterior, a Tassi descobriu que vale entrar uma quadra dentro do Chuy uruguaio atrás de um dos melhores sabores locais: as media-lunas e margaritas da confeitaria localizada na esquina da calle General Artigas com a praça municipal. Ela sempre me afirmou que são as melhores do mundo, e pude comprovar que era verdade. A massa das media-lunas (parente distante do croissant) ali não é seca e tampouco muito engordurada, ficando bem leve. Fica a sugestão.

Vista do centro do Chuy uruguaio, com a praça municipal à direita. Quando tirei essa foto estava bem em frente à famosa padaria das media-lunas.

Os ônus da fronteira

Não ficamos muito tempo no Chuí. Apenas o suficiente para comprarmos os alimentos necessários para o picnic que faríamos no Parque Santa Teresa.

Eram 13h30 quando chegamos à Aduana uruguaia, para fazer os trâmites de entrada no país. Apenas carteira de identidade basta para entrar no Uruguai, mas é importante guardar o papel que entregam com o carimbo da data de entrada no país.

Mesmo ficando apenas um dia, para quem entra de carro é necessário fazer o seguro carta-verde, uma proteção contra terceiros obrigatória em países do Mercosul (para contratá-lo, basta procurar qualquer seguradora de veículos). O valor varia conforme a quantidade de dias que se fica no país. No nosso caso, foram R$ 43.

O dia de 23 horas

Passada a Aduana, ligamos o rádio do carro na FM Coronilla (102,3), para ouvir as notícias e músicas locais. Era impressionante a clareza do espanhol da locutora, de fácil compreensão. Entendi depois que se devia ao fato de ser uma rádio da região.

Mesmo assim, estranhei ao ouvir ela dizer que já eram quase três da tarde, enquanto meu relógio marcava duas. Assim descobrimos que o Uruguai ainda está em horário de verão, o que quase afetou um dos nossos planos.

Lanche no Parque Santa Teresa

Bem próximo à fronteira está o Parque Santa Teresa. Cuidado para não se confundir. Saindo do Brasil, a primeira entrada é para o Forte, com o mesmo nome. O acesso ao parque é mais adiante.

Nossa vista durante o almoço

Não se paga para entrar. Escolhemos um dos diversos caminhos existentes no parque até quase a beira do mar. Ali, isolados e com uma bela vista, fizemos nossa refeição, com media-lunas, pães, queijos, salames, vinhos e espumantes comprados na fronteira. Um momento que fez valer a pena a longa viagem pela calma do lugar.

O picnic

O Forte Santa Teresa

Saímos do Parque e voltamos pela Ruta 9 em direção ao Forte Santa Teresa. Pela sua localização, é uma construção imponente, que se destaca no cenário. Vale a visita, para conhecer como era o dia a dia dentro da fortaleza e, também, para observar as maquetes de outros fortes uruguaios, como o da Ciudad Vieja de Montevidéu. É cobrado ingresso na entrada do forte. Ficamos até as 16h ali, mas, assim que saímos, as portas se fecharam. O forte fecha às 17h. Quase fomos enganados pelo horário de verão.

O acesso ao Forte Santa Teresa






A relação de componentes diários básicos dos internos no Forte

Punta del Diablo e a maldade com o litoral gaúcho

Quando penso no litoral do Rio Grande do Sul sempre me lembro de uma tirinha do Iotti. Deus e o diabo são sócios em uma agência de publicidade. Deus está terminando de desenhar o litoral brasileiro, só faltando o RS, e o diabo pede para terminar o trabalho, de forma que Deus possa descansar. Deu no que deu.

O litoral brasileiro é todo cortado por enseadas e baías, exceto no Rio Grande do Sul, composto por uma reta só que liga Torres à Barra do Chuí. Saindo 30 km de território gaúcho, e voltam as belas orlas. E Punta del Diablo é assim.



A semelhança com o litoral gaúcho está na água do mar mais escura e fria. Aliás, bem mais fria, pela posição geográfica. Mas não havia rodado tanto para chegar ali e não tomar um banho. Foi muito bom. A areia da praia lembra a de rio, é bem diferente.

Propositalmente sem muita infra-estrutura (ruas de chão batido e esburacadas), é uma praia muito bonita, bastante frequentada por uruguaios e argentinos. As construções têm uma arquitetura peculiar, lembrando nossos improvisados “puxadinhos”. Grande parte dessas casas estão para alugar nesse período.


Além disso, a praia oferece muitos hostels e pousadas. Ficamos em uma bem simples, sem café da manhã, mas numa habitação para quatro pessoas com o preço de U$ 55, mais uma taxa de 100 pesos uruguaios (R$ 10) para uso dos lençóis e toalhas. Mas cuidado: a dona da pousada converteu esse valor para pesos uruguaios e, depois, para reais, sempre com câmbio desfavorável. Mas, no fim, pagamos R$ 122.

Um ótimo site para informações sobre a praia e hospedagem é o www.portaldeldiablo.com.uy.

A volta e o dia de 25 horas

Como precisava estar em Porto Alegre às 18h para trabalhar, começamos o retorno cedo, perto das 9h30 no horário uruguaio. Quase uma hora de viagem e chegamos na fronteira às... 9h30. Uma volta no tempo. Uma hora e meia para pegar badulaques e, às 11h, estávamos na estrada novamente. Com o movimento tranquilo, deu pra chegar em Porto a tempo ainda de tomar um banho antes de ir trabalhar. Revigorado.

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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