Ao deputado Gilberto Machado
dep.gilmarmachado@camara.gov.br
Parabéns, deputado!
Prezado deputado Gilmar Machado,
infelizmente na primeira vez que estabeleço contato com o senhor tenho que fazer uma crítica. Acredito que a situação chegou a um limite. Aliás, já o atravessou há muito tempo...
Aviões da FAB para levar deputados do Nordeste pra casa, deputado? “Foi apenas uma consulta”, o senhor diz, discaradamente. Deputado, o que se deve consultar são as possibilidades de aumentar os investimentos no país e melhorar a nossa infra-estrutura e a condição de vida da nossa população!
“A Câmara vai pagar”, li que o senhor teria dito. De onde vem o dinheiro da Câmara, deputado? O senhor não imagina o quanto eu tremo de indignação enquanto escrevo, assim como tantos outros brasileiros que nem podem fazer isso porque não sabem nem ao menos escrever seu nome.
Falando nisso, me surpreendo quando entro na sua página na Câmara e vejo que o senhor é “Professor de Ensino de Primeiro Grau e Segundo Grau”. Imagine um ex-aluno seu olhando a TV hoje e dizendo para os pais “Olha lá, meu professor!”, sem entender o que se passa e porque seus pais não compartilham a mesma alegria. E o que dizem os seus pais, deputado?
Antes de fazer novas consultas desse tipo, deputado, pense no tempo em que o senhor era professor, nas coisas que desejava não para si, mas sim para tantas pessoas que estiveram diante do senhor e que foi de sua responsabilidade ajudar a passar a eles valores morais e éticos! Não acredito que em pé diante do quadro-negro, encarando aquela dezena de olhinhos curiosos o senhor pensava em fazer o que fez ontem.
E poderia escrever mais ainda sobre a questão dos salários mas se tantos abaixo-assinados já foram feitos, tantos protestos foram realizados, um bispo chamou a atenção e, ao que parece, nada será feito, de que adianta? Vai ficar assim, um aumento de 91% para vocês e a inflação de 2006 mais 5% para o resto (R$ 380, ou seja, metade do que os senhores ganharão em um dia). Como seus alunos vão sobreviver com isso, deputado?
Infelizmente, não posso desejar um Feliz Natal para o senhor e seus colegas. Ainda mais que, enquanto aqueles dez estiverem em casa na segunda, aproveitando a carona da FAB, terei que deixar a comemoração de Natal da minha família para pegar meu ônibus e ir trabalhar. Porque é isso que nós fazemos no Brasil, deputado: se temos a oportunidade, trabalhamos, para sustentarmos a nós e a vocês...
Atenciosamente,
Eduardo Leonardi
Porto Alegre (RS), 22 de dezembro de 2006
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Há 8 anos
Um comentário:
intiresno muito, obrigado
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