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segunda-feira, março 26, 2007

Roma de Fellini, mas com Porto Alegre

Saí do cinema após assistir “Roma”, do diretor italiano Federico (sem o “r” mesmo) Fellini, pensando: e se fizesse algo igual com Porto Alegre? Afinal, neste dia 26 de março a cidade está de parabéns pelos seus 235 anos.

Ok, nem se aproxima dos milhares de anos que a capital italiana possui. Mas nem Fellini quis retratar tanto tempo de história. Só quis dar a sua visão de Roma. No início do filme, relembra sua infância, quando aprendia na escola sobre as coisas do Império e, junto aos amigos, via partir da pequena estação de sua cidade o trem para a Cidade Eterna.

Após essa introdução, ele está dentro desse trem, com alguns anos a mais. É a segunda parte, quando mescla as lembranças da época de sua chegada na cidade e a mostrando atualmente, ou seja, no início da década de 70. Misturam-se imagens de uma Itália fascista antes e durante a 2ª Guerra com hippies, crescimento desordenado e o início do caos que caracteriza Roma ainda hoje.

Aplicando a idéia a Porto Alegre, ficaria difícil falar das minhas impressões da cidade como recém-chegado. Quando me dei conta da vida, já estava aqui. Mas pensei em conversar com meu pai sobre o que ele pensou quando, na carona num caminhão, pouco depois de dar baixa no quartel, teve a primeira vista da cidade.

Quanto a Porto Alegre moderna, assim como Fellini fez, poderiam ser utilizadas imagens dos lados bons e ruins da cidade. Apesar de ser uma cidade brasileira sem praia (tá, tem o Guaíba, mas não tem mar), ficando difícil atrair turistas, a capital tem suas belezas:

- os prédios antigos do Centro, voltados hoje a atividades culturais: Usina do Gasômetro, Casa de Cultura Mario Quintana, Theatro São Pedro, Forte Apache, o Museu Julio de Castilhos, o cine Capitólio (quando reabrir);
- o Mercado Público;
- o passeio na orla do Guaíba durante o pôr-do-sol;
- o espetáculo das torcidas de Grêmio e Inter;
- a vista do Morro Santa Teresa;
- a tradição do chimarrão, principalmente na Redenção;
- a mulher gaúcha.

Mas tem os seus contrastes também:

- a destruição sem controle do patrimônio histórico para construção de prédios sem “personalidade” nenhuma;
- o forte cheiro nas proximidades do Mercado Público, mistura de odor de peixe, água podre e excreções humanas;
- o abandono absurdo do Centro, não permitindo a circulação de pessoas após o anoitecer;
- a sujeira no Guaíba, vinda em quantidades intermináveis de canais como o Arroio Dilúvio, um esgotão a céu aberto;
- os conflitos entre pessoas que se dizem torcedores, mas que só estão atrás de confusão;
- a vista grossa ao consumo de drogas em qualquer lugar, a qualquer hora do dia, principalmente nos parques da cidade
- a violência, por tudo, e a prostituição;

Muitos criticaram Fellini por “Roma”. Diziam “Como ele pôde fazer um filme assim? Nós o acolhemos e ele responde desta forma? O que as pessoas vão pensar da nossa cidade? Esta é a sede da Igreja e ele comete tamanha blasfêmia! Não posso nem comparar minha idéia de filme com a do Fellini, mas acho que um trabalho semelhante em Porto também ocasionaria esse debate, embasado muito mais no emocional que na razão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amadoooooooooo
miss u!!!
tenho novidades com relacao a nossa 2a patria...
qdo podemos falar no msn???
Bacio
PS: resolvi deixar recado aki ao inves do iogurte so pra tu saber q ainda te visito! hehehehhe