Vi nesse final de semana um documentário sobre o tango, este tradicional ritmo, cultura, música, dança, costume, enfim, modo de ser argentino. O estilo teve seu auge entre as décadas de 30 e 50, quando grandes orquestras e cantores enchiam os salões de casais milongueros querendo dançar (ou algo mais).
Depois, assim como o próprio país, o tango entrou em decadência. Na década de 70, inclusive, alguns já o declaravam como morto. Mas a criação do show Tango Argentino, levou aos palcos europeus e da Broadway dançarinos e músicos que resgataram os clássicos.
Chamou a atenção a declaração de um destes dançarinos. “Só quando viram que o tango fazia sucesso em Paris, os jovens de Buenos Aires passaram a valorizá-lo novamente”, disse. Estranho comportamento, não só argentino, mas latino-americano, de só valorizar o que vem de fora.
Além dos shows em teatros de todo o mundo, o retorno aconteceu também através do cinema. Por exemplo, na clássica cena de Al Pacino dançando em “Perfume de Mulher” (uma refilmagem de “Profumo di donna”, de 1972, do italiano Dino Risi).
Aquela música, aliás, se chama “Por una cabeza”, e é uma composição de 1935 do brasileiro Alfredo Le Pera e Carlos Gardel, maior expoente deste estilo, para quem, junto a Evita e Maradona, muitos argentinos erguem altares.
Nessa música, Gardel junta duas das suas paixões: o turfe e as mulheres. No começo, se lamenta pelo cavalo apostado e que perdeu, como diz o título, por uma cabeça. Ao mesmo tempo, essa medida simboliza as cabeças de duas pessoas que dançam juntas, naquela “proximidade tão distante” que muitas vezes não permite nada ocorrer. Quem já dançou bem coladinho numa reunião-dançante entende o que quero dizer. Mas nestes casos, por mais que possa trazer decepções, como canta Gardel no fim, “yo me juego entero, que le voy a hacer”.
É, amigo, quase...
Ponto Final
Ao se falar de música, se alguém pensa no Brasil vem à mente o samba. Na Argentina, o tango. Além dessa coincidência, ambos os estilos têm, em suas letras, o relato de situações do cotidiano, a paixão por algum esporte, as mulheres...
E até no popularesco os dois países têm pontos em comum. Se estamos sofrendo com os funks dos bondes-do-sei-lá-o-quê, os argentinos têm a “Cumbia Villera” (lembram do Tevez?). Segundo a Wiki espanhola, o “estilo” se caracteriza por seus ritmos pegajosos, letras com linguagem da juventude marginalizada, fazendo, muitas vezes, alusões a drogas, bebidas e sexo, e estão identificadas com as torcidas organizadas de times de futebol. Entre as principais bandas, estão “Dama$ Grati$", “Yerba Brava”, “Pibes Chorros”...
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