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segunda-feira, maio 21, 2007

Julieta dos Espíritos e a aranha

O convite por e-mail da associação italiana aqui do Estado chamava para uma sessão gratuita do filme “Giulietta degli Spiriti”, de Federico Fellini. Como ainda não tinha visto esse, foi uma chamada em boa hora. E lá estava eu, sábado à tarde, após uma manhã de trabalho, para assisti-lo.


Giulietta é uma tradicional esposa da classe alta italiana do pós-guerra, a dona-de-casa que não faz nada mais que ficar em sua mansão e dar ordens às empregadas, esperar seu marido infiel e participar de festas, algumas excêntricas, com gente do mesmo grupo social. Numa delas, após um jogo em que conversam com espíritos, as dúvidas sobre a infidelidade do marido se reforçam. A partir de então, passa a conviver com esse questionamento e outros sobre a real importância de sua vida. Nesse meio tempo, diversos personagens passam (ou seriam criações de sua mente?), como a vizinha que leva uma vida sem pudores. Aquilo que, muitas vezes, Giulietta queria ser.


Julieta dos Espíritos é o primeiro filme colorido de Fellini. Na verdade, ele havia feito um trabalho anterior a cores, o episódio “As tentações do Doutor Antonio”, que integra o filme Boccaccio 70. Mas agora o desafio de lidar com o colorido era só seu. Isso em 1965, muitos anos após o lançamento da técnica, o que mostra a contrariedade do diretor à novidade.

Não podendo contra o problema, decidiu juntar-se a ele como mais um detalhe do filme, e não apenas um simples componente técnico. Nas cenas em que Giulietta aparece, se destacam os tons cinzentos, até nas suas roupas, e o ambiente pesado. Já nas cenas em que sua vizinha está as cores são mais vivas, vermelhos e amarelos saltam na tela.


A personagem Giulietta é interpretada pela esposa de Fellini, Giulietta Masina (foto acima). Nesse caso, qualquer semelhança com a realidade não é uma simples coincidência. Fellini usa das suas experiências, principalmente os sonhos que têm, em muitas de suas obras. Por isso, filma sem uma ordem lógica, com cenas que beiram o surrealismo, sem um final bem definido. Se o espectador não entender isso, pode acabar sem compreender o filme, o que é comum.

Já no domingo fui assistir o Homem-Aranha 3. Aí compreendi que o principal problema do cinema é ter dinheiro demais para produzir, por mais estranho que pareça. No caso, perderam a noção de tempo. Duas horas e vinte minutos para este filme é um exagero. Para que tantos vilões num filme só? Só o Venom bastava (obrigado Piero pelo nome do bicho), teríamos um trabalho de 1h30min no máximo e os fãs ficariam felizes igual. A outra hora que ficaria de fora teria o monte de enrolação que colocaram para justificar a presença de tanta gente na tela e as cenas desnecessárias do final. E aquele bandeirão dos EUA, por favor...

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas não foi nesse filme que tu dormiu? Heheheh! Abraços!