Parcialidade Total, por Eduardo Leonardi

A primeira vitória chegou. Quem segura?
No Canadá, Lewis Hamilton vence pela primeira vez na categoria, após seis provas disputadas, em um GP marcado pela confusão, como o grave acidente de Robert Kubica

Com seis provas da Fórmula 1 disputadas na carreira, Lewis Hamilton (McLaren) obteve ontem no GP do Canadá, em Montreal, sua primeira vitória na categoria. A jovem revelação inglesa nunca havia corrido ali antes, mas aproveitou a vantagem da pole-position obtida e manteve a posição até o final. Desde que estreou na F1, Hamilton nunca deixou de subir ao pódio, conseguindo um terceiro lugar e a segunda colocação em quatro provas consecutivas.

O outro piloto da McLaren, Fernando Alonso, bicampeão da categoria, tentou tirar a posição do companheiro de equipe na largada. Entretanto, cometeu o primeiro dos quatro erros que teria ao longo da prova na primeira curva. Com problemas nos freios, e uma punição de 10 segundos no box por entrar no pit com o sinal fechado, conseguiu a sétima colocação. Assim, está no segundo lugar no campeonato de pilotos, com 40 pontos, oito a menos que Hamilton.

Fecharam o pódio Nick Heidfeld, surpreendendo com sua BMW, e Alexander Wurz, que colocou a Williams no pódio depois de uma série de resultados decepcionantes. Já no próximo domingo acontece o próximo GP, nos Estados Unidos, no circuito de Indianapolis.

Kubica, chocante. Massa fora

Alguns dos fatos inéditos da Fórmula 1 foram marcados por confusões. Por exemplo, Michael Schumacher conseguiu seu primeiro título na categoria em 1994, ano da morte de Ayrton Senna. Para subir ao ponto mais alto do pódio no GP da Alemanha de 2000, Rubens Barrichello largou dos últimos postos e após uma invasão de pista e diversos acidentes conseguiu se colocar na frente. Agora, a primeira grande conquista de Hamilton veio em uma prova com quatro entradas do Safety-Car nos acidentes de Adrian Sutil (Spyker, volta 22), do polonês Robert Kubica (BMW Sauber, volta 27), de Christijan Albers (Spyker, volta 48) e de Vitantonio Liuzzi (STR, volta 54).

De todas, a colisão de Kubica foi a mais forte (veja o vídeo), e uma das mais impressionantes dos últimos anos. Na disputa por colocações após a saída do primeiro Safety-Car, o polonês bateu na traseira de Jarno Trulli e saiu da pista, batendo de frente no muro, capotou sobre a pista e parou do outro lado, no muro, apenas com o cockpit intacto. O impacto foi forte mas, pelas notícias, resultou em uma fratura na perna.

O piloto brasileiro da Ferrari, Felipe Massa, saiu na quinta colocação e, graças a uma boa largada, ao final da primeira volta estava no quarto posto. Na volta 25, aproveitando a entrada do Safety-Car com o acidente de Sutil, Massa foi aos boxes e, ao sair, não viu a luz vermelha indicando que a saída era proibida. Com isso, na volta 51, recebeu bandeira preta, ou seja, estava desclassificado. Pelo mesmo motivo, Giancarlo Fisichella ficou de fora.

Num GP no qual 12 carros chegaram ao final, ficaram de fora ainda Trulli (voltou dos boxes e bateu contra muro, volta 58), David Coulthard (problemas no câmbio, volta 36), e Jenson Button (problemas no câmbio da Honda, nem largou). Com a outra Honda, Barrichello ocupava a terceira colocação quando precisou parar para troca de pneus, pois ainda não havia usado pneu macio, como obriga o regulamento deste ano. Assim, terminou em último.

Ponto Final

Ultrapassagens (não só nos pits), acidentes e erros... há tempos não se via um GP com tantos fatos como o de ontem, no Canadá. A cena de Kubica levantando vôo foi impressionante, por sorte nada de mais aconteceu. Quando se esperava uma recuperação da Ferrari após o tufo em Mônaco, a McLaren caprichou na estratégia e, não fosse pelos erros de Alonso, poderia ter acontecido mais uma dobradinha. Sorte de Felipe Massa que, mesmo sem pontuar, não ficou muito distante dos líderes, fora Hamilton, claro.