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sábado, junho 09, 2007

Sagaz destino

Um ano e meio depois de sair do inferno, meu GREMIO está agora a ponto de ser a melhor equipe do continente, jogando a final da Libertadores da América. Não sou dos torcedores mais ufanistas e, por isso, só o fato de estar na decisão já me surpreende bastante. Mas nessas brincadeiras que a vida faz, coloca nessa decisão, contra o grande TRICOLOR, justamente o Boca Juniors, da Argentina.

Porque brincadeira? Simples. Não sou o único GREMISTA que gosta do futebol da equipe argentina. Tanto que muitos iam ao OLÍMPICO torcer com a camiseta azul y oro. E a torcida mais elogiada pela direção e imprensa grita seus cantitos adaptados, ou em espanhol mesmo, dos cantos da “La 12”, principal organizada do Boca, que dá a fama de caldeirão à La Bombonera.

Como a coisa começou, no meu caso

Não sei se foi na final da mesma Libertadores, em 2001, ou naquela que os argentinos ganharam do Santos em 2003, que começou essa minha atenção pelo futebol dos hermanos. Acho que foi essa última. Antes disso, eu seguia no embalo do que a imprensa do centro do país tentava nos vender. Diziam que os argentinos eram violentos (amigos, futebol é jogo de força), catimbeiros (se o resultado favorece, porque não?) e convencidos (tolo preconceito, acho que eles gostam mais do Brasil do que nós).

Em 2003, o GREMIO não ia bem no ano do centenário, nitidamente os jogadores não entravam em campo com a vontade necessária para vencer. Quando vi o Boca contra os paulistas naquela decisão pensei: “Putz, porque meu time não joga assim, com essa vontade toda?” No jogo de volta, em São Paulo, podendo perder por um gol, os argentinos jogaram como se precisassem vencer e ganharam por 3 a 1. Com direito a cenas de covardia no final com as patadas que Fabio Costa e os zagueiros santistas davam nos atacantes Xeneizes (quem é violento?).

A partir dali, descobri um estilo de jogo do qual sou fã: equipe capaz de marcar no campo do adversário, na qual até o centroavante aperta o adversário, sem dar espaços.

Vou ser crucificado mas acredito que tendo como exemplo o Boca Juniors o GREMIO se recuperou nesses últimos 18 meses. E se por mais duas partidas, só duas, jogar como o Boca, seguro que vai sair campeão.

Fatores extra-campo que me assustam...

1. Há duas edições times brasileiros ganham a Libertadores, com finais totalmente brasileiras. Talvez para a confederação não seja interessante um terceiro (se bem que aconteceu em 97, 98 e 99);

2. Desde a criação do Mundial de Clubes da FIFA, o representante sul-americano sempre foi brasileiro. Ou seja, não ajuda a vender cota de TV do torneio para os países vizinhos.

3. A última vez que o Boca ganhou o torneio foi há quatro anos, o último título de um argentino também. Sabe como são os patrocinadores e a pressão por resultados internacionais...

4. O presidente do Boca, Mauricio Macri, ganhou no último domingo o primeiro turno das eleições para a prefeitura de Buenos Aires. Apesar de larga vantagem, vai decidir no segundo turno, que acontece quatro dias após a final. Um título garantiria os votos de todo um bairro.

Como ganhar do Boca?

A receita está lá em cima, e não é novidade: não dar espaços. O técnico Mano Menezes conhece a tática, a qual já foi aplicada contra o Santos no jogo de ida, contra o colorado na final do Gaúcho de 2006, bem como em alguns jogos do Brasileiro do ano passado.

Além disso, a atual defesa é uma das mais fracas desde o início do período Mauricio Macri na presidência do clube da ribeira. Talvez não seja pior do que aquela que eliminou o Inter da Sul-Americana em 2005. Caranta é um bom goleiro, mas é muito jovem. Ibarra, Díaz, Morel e Rodríguez não passam a segurança de formações de outros tempos.

Mas daí para frente complica, bastando citar os nomes de Riquelme, Palermo e Palácio. Entretanto, como são mortais, o primeiro, às vezes, parece dormir em campo; o segundo é perigoso centroavante, fatal na jogada aérea, mas muito pesado, cai fácil na marcação; o último, apesar de veloz e habilidoso, chuta muito mal a gol.

Por isso, GREMISTA, vamos torcer para que Mano acerte a marcação, pela velocidade de Carlos Eduardo, pelos precisos chutes de fora da área de Diego Souza, por um Tcheco sem medo da torcida adversária, que Saja, que tanto jogou naquele estádio e não vai ter problema com bombas e pedras que a torcida atirar, esteja seguro, e que Sandro Goiano, esse herdeiro da tradição tricolor de volantes guerreiros, jogue com aquele espírito de que a bola até passa, mas o jogador não.

Um comentário:

Piero Barcellos disse...

Deste confronto, eu só espero que sobre estádio, torcedor e jogador. Os bancos de sangue agradecerão.

Acho que eu vou comprar um rádio AM só pra ouvir o Pedro Ernesto chamando o Grêmio de "espartano". THIS IS OLÍMPICO!!!