Raikkonen voilà na França
Finlandês consegue sua segunda vitória na temporada. Agora, os quatro primeiros colocados do campeonato tem duas conquistas cada um neste ano.
Disseram que Kimi Raikkonen estava bebendo. Falavam que Jean Todt, chefão da Ferrari, só queria saber de Felipe Massa e que até pensava em trazer Fernando Alonso para a Scuderia na próxima temporada. Mas a onda de maus resultados do “Homem de Gelo” terminou com a vitória neste domingo no GP da França. “Finalmente!”, exultou, contrariando seu modo frio de ser. “Tudo deu certo na mesma corrida. Desde o início do final de semana fomos melhores e essa conquista é uma recompensa por todo o trabalho”.
Foi uma grande prova do finlandês. Na largada, tomou o segundo lugar do menino prodígio Lewis Hamilton. Depois, passou a perseguir, a uma pequena distância, o pole Felipe Massa. No trecho após a primeira parada, começou a virar voltas mais rápidas que o brasileiro, que ainda estava na frente, pegando o tráfego dos retardatários. Como Massa fez o segundo pit antes, Raikkonen aproveitou a pista livre para virar mais algumas voltas rápidas. Deu certo. Após fazer a sua troca de pneus e reabastecimento, voltou cerca de 2 seg na frente do companheiro de equipe, mantendo a posição até o final, subindo ao ponto mais alto do pódio pela segunda vez nesse ano.
A dobradinha marcou a recuperação da Ferrari, após duas clamorosas derrotas para McLaren no Canadá e nos EUA, onde se esperava que os vermelhos andassem melhor. Com a terceira posição de Hamilton (sempre no pódio) e o sétimo lugar de Fernando Alonso, os italianos diminuíram a diferença do campeonato de construtores para 20 pontos. Entre os pilotos, se mantiveram as posições, apenas a pontuação mudou. Hamilton têm 64 pontos; Alonso, 50; Massa, 47; e Raikkonen, 42.
DIA DE MUITOS DESAFIOS PARA ALONSO
Quem não teve um bom passeio pela França foi Fernando Alonso. Primeiro, a queda de rendimento da McLaren. Depois, problemas no câmbio nos treinos o colocaram na décima posição na largada. O espanhol bem que tentou, escapou de um acidente na primeira curva, mas encontrou duros pilotos pela frente. Perdeu muito tempo atrás de Nick Heidfeld, tentou forçar a ultrapassagem em vários momentos, e depois disputou também com Giancarlo Fisichella, que ficou à sua frente no fim. “Sabia que seria difícil de onde parti. A disputa com Heidfeld foi divertida, mas muito difícil. Também fui bem contra Giancarlo. Estou disputando o título, então tenho fiz o que era possível sem me preocupar com os riscos. O resultado desanima, mas vamos melhorar para a próxima”.
PROVA TEVE CENA DE COMÉDIA PASTELÃO
Entre os acidentes da prova, marcou o dia a cena de Christijan Albers. Como não aconteceu nada mais grave, pode se dizer que foi, pelo menos, engraçada (veja o vídeo abaixo). Ao sair dos boxes após a parada na volta 28, recolheu o carro direto para a grama. No replay, o motivo. O holandês da Spyker se enganou com o sinal do mecânico e ao ler a ordem de engatar a marcha, acelerou e partiu. Com isso, levou pendurada a mangueira de abastecimento, que saiu saracoteando como uma cobra, dando chicotadas nos coitados dos mecânicos. Inesquecível.
O próximo grande prêmio acontece já na próxima semana e promete. Será em Silverstone, na Inglaterra, casa da McLaren e, principalmente, casa de Lewis Hamilton.
Ponto final (quase reticências)
Há tempos não assistia uma corrida com minha mãe ao lado. No final, assim como muitos brasileiros, ainda com o trauma Schumacher, disparou: “Fizeram de propósito, favoreceram o finlandês”. Acho que não. Raikkonen mereceu. Primeiro, por passar Hamilton, que geralmente faz boas arrancadas, antes da primeira curva. Depois, por acompanhar o ritmo de Felipe Massa, ainda que estivesse com o carro mais pesado, fato que se comprova por ter parado pela primeira vez algumas voltas depois do brasileiro. Ou seja, Massa não perdeu a corrida no segundo pit stop, mas sim nas primeiras voltas da corrida, quando tinha pista livre e menos combustível. Por isso, deveria ter aproveitado para abrir maior vantagem.
Por fim, uma última curiosidade. O polonês Robert Kubica, que fez um ótimo retorno hoje, ficando em quarto lugar, pode ajudar no processo de canonização do Papa João Paulo II, seu compatriota. Kubica é assumido devoto do Papa falecido em 2005, tanto que leva em seu capacete o nome de João Paulo II. Fontes do Vaticano afirmam que o fato de ter escapado quase ileso e se recuperado tão rápido do grave acidente no Canadá poderia ser considerado um milagre de Karol Wojtyla. Por isso, o fato seria incluído no processo para declarar santo o último líder da Igreja Católica antes de Bento XVI.
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