Quando fiquei sabendo, há mais de um mês, das reformas do planejamento gráfico do Correio do Povo, me alegrei. Afinal, assim como amigos e boa parte dos leitores do CP, estava na hora de algumas alterações no jornal. A última grande mudança acontecera no final da década de 80, quando a publicação adotou o formato tablóide ao invés do standard.
As capas do Correio do Povo há dez anos (E), no dia 4 de maio (C) e a capa do primeiro dia do novo planejamento gráfico
Não sei se foi feita uma pesquisa para indicar quais pontos poderiam ser modificados. Para mim, era preciso dar mais espaço ao texto, não fazer blocos pesados de texto sem destaque ou ordem de importância, quebrar um pouco o formato “quadradão”. Fotografias, infográficos e tabelas são alguns elementos que auxiliam. Entretanto, era importante manter a principal característica do Correio, de ser um jornal objetivo, possível de ler em pouco tempo e estar bem informado.
E o projeto conseguiu isso, renovando a imagem do jornal, tido com antiquado. A utilização de fontes sem serifa nos títulos das matérias de abertura das páginas deixa mais claro para o leitor a idéia de uma hierarquização dos temas. A “verticalização” do espaço dos colunistas e o uso de fotografias valorizaram os espaços.
As fotografias com recorte quebram os blocos de texto “quadradões”, apesar de representarem um risco pela necessidade de um trabalho de muita qualidade. Nada pior do que uma foto mal recortada. Os destaques na área superior das páginas (principalmente na capa) ajudam a dar um respiro à página. Mas, como algumas notas deste espaço se referem à matéria principal da página, podem confundir o leitor. Ele pode acabar lendo o destaque antes de ver a matéria e ficar sem compreender do que se trata. A solução está em algumas páginas, mas faltou ser colocada em outras: uma seta apontando do destaque para o texto principal.
Também é de se destacar, numa época de interatividade e participação ativa do leitor, a colocação dos e-mails de editores e repórteres. Antes, apenas os colunistas divulgavam seus endereços eletrônicos no jornal.
Uma das maiores mudanças do novo Correio foi a ampliação do espaço destinado à previsão do tempo e a criação do espaço “Há um século no Correio do Povo”, com os destaques da edição de cem anos atrás, preservando a grafia original da época, e uma cronologia de fatos importantes da data. A pesquisa e edição cabem à equipe do CP Memória, o arquivo do jornal, onde trabalha este que vos escreve. Estamos nos revezando na produção, e coube a mim o dia 8 de maio. O resultado estará na edição da próxima quinta do Correio.
A partir do segundo piloto ficamos sabendo que teríamos este espaço. Este resgate tem sido um trabalho sensacional. Só é necessário um cuidado para depois não sair escrevendo “hontem”, “brazileiros”... mas dá uma nostalgia de um tempo em que as notas policiais, ou melhor, policiaes, eram mais ingênuas, como esta, do dia 5: “Ante-hontem, ás 2 e ½ da tarde, à travessa 2 de Fevereiro, n. 15, Magalena e Dolores travaram-se de razões e iam chegar a vias de facto, quando acudiu o agente e prendeu a aggressora”. Ou então, das funções líricas no Theatro São Pedro que, na mesma noite, apresentaram as óperas “I Pagliaci” e “Cavallaria Rusticana”, quando hoje leva mais de anos para que seja apresentada uma ou outra.
Disseram que ele ia acabar, ia virar uma folha religiosa e todos cancelariam suas assinaturas. Mas, com essas mudanças, sinto que logo uma previsão que fiz vai se confirmar: os assinantes que cancelaram voltarão em breve.
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