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quinta-feira, agosto 21, 2008

Eleições 2008 - 2
Democracia limpa

A Kombi estacionou aqui na frente de casa e de dentro dela saíram três pessoas armadas de faixas e material para pregá-las. Meu pai recém havia deixado os cachorros saírem para uma volta na rua. Uma das pessoas do carro perguntou se tinha problema em pendurar a faixa do candidato ali. Meu velho só disse que o terreno não era dele, mas sim do vizinho.


Enquanto ele respondia, os três saíram pregando estes dois cartazes que estão na foto acima. São de um candidato famoso pela poluição sonora produzida por seu caminhão em diversos pontos de Porto Alegre. Como já tem esse antecedente poluidor, queríamos evitar outro. Assim, antes de arrancarem com a Kombi, perguntamos se eles tinham um telefone para que pudéssemos chamar caso aqueles plásticos caíssem, ou se teríamos que recolher e atirar no comitê do tal candidato. Anotei a placa do veículo, o dia e a hora (10:43), para poder reclamar caso aquele lixo ficasse esparramado pelo chão.

A menina ficou braba e disse que estávamos numa democracia.

"Democracia limpa, por favor", argumentei. "Sempre", disse ela, ironicamente.

Curioso o conceito de democracia dela. Como estavam em três, não importava a decisão do dono do terreno. Afinal, a maioria já havia decidido por pregar as faixas ali.

Meia hora depois da saída deles, o vizinho ligou aqui para casa para falar sobre as faixas. Outra meia hora depois, logo após eu ter tirado a foto, aquela mesma Kombi parou aqui na frente de novo, desta vez para retirar o material.

O mais enganado na história toda foi o próprio candidato. Primeiro, porque seus "colaboradores" estavam desovando faixas num lugar que não tem movimento algum de pessoas e de difícil visibilidade. Segundo, porque uma equipe sua se deslocou duas vezes para o mesmo lugar, perdendo tempo e dinheiro.

Ponto final

Enquanto escrevo, chove bastante aqui. Se os cartazes não tivessem sido tirados àquela hora, neste momento estariam tapando alguma boca-de-lobo, dentro do esgoto, ou atirados no terreno baldio para se decompor em milhares de anos.

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