.....................

terça-feira, agosto 19, 2008

O guri de Cachoeirinha

A linha de ônibus se chama "Rápida Rubem Berta". Poderia ser porque seus motoristas pisam fundo, mas tem esse nome por parar em alguns pontos específicos. Mas isso não está explicado de forma clara nos terminais, nem dentro do carro, muito menos no site da empresa, te obrigando a perguntar se deseja pegar aquele coletivo.

Isso gera situações complicadas. Aconteceu há um tempo. O motorista mal havia arrancado da última parada na Av. Sertório e alguém puxou a campanhia para descer. O próximo ponto fica a uns 7km dali, mas é claro que o sujeito queria baixar na próxima.

O ônibus se aproximou e passou a mil pela parada, obviamente. E pela três próximas também, quando o cara resolveu reclamar se não ia parar aquele troço. As pessoas mais próximas lhe explicaram aquilo que deveria estar no terminal, ou seja, que aquela linha é expressa. Ele se explicou dizendo que era de Cachoeirinha (município vizinho a Porto Alegre), estava voltando para casa, e que não conhecia direito. Enquanto isso, insistia com o cobrador se "dava para considerar".

Alguns passageiros se solidarizaram com a história do jovem e resolveram dar uma força, mostrando não se importar se o ônibus parasse fora do ponto. O cobrador nada podia fazer, afinal, não tem freio na roleta (ou catraca, como chamam mais pra cima). Mais alguns metros e quase todos estavam apoiando o rapaz, cuja raiva aumentava. Até o cobrador insistiu com o motorista, sentindo que a integridade física estava ameaçada. Aproveitando o tráfego, o motorista atendeu o chamado e abriu a porta para ele descer.

Tão logo colocou os pés na calçada, o cara atirou uma pedra no ônibus. Por sorte, deu na lata. Uma das "caridosas" almas que insistia em pedir para que o motorista parasse ainda disse "ai, agora ele foi estúpido, não precisava".

"Bem feito, mulher idiota. Vai confiando em qualquer um", pensei eu. Não sei se é exagero meu mas, se o sujeito era de fora, como é que entra em qualquer ônibus sem saber por onde ele passa? Ainda mais aqui em Porto Alegre, onde você é obrigado a perguntar tudo porque a sinalização é inexistente. Além do mais, das cem pessoas apertadas dentro daquele ônibus (fora as milhares em outros horários), porque ele seria o único a ter o privilégio de descer onde bem entendesse?

Claro que o sujeito não era de Cachoeirinha. Primeiro porque, para voltar para casa, pegaria um ônibus no centro mesmo e não pagaria duas passagens. Segundo, porque queria descer num ponto que não passa um ônibus para a cidade vizinha. Terceiro, ele não teria porque se irritar. Afinal, onde ele desceu passam os coletivos para sua casa.

Na verdade, era um metido a espertinho que queria voltar mais rápido para casa. Porque sabia que, mesmo o ônibus não parando ali, bastava fazer um escândalo que ele conseguiria descer onde quisesse. Mais um exemplo do maldito "jeitinho brasileiro".

E teve gente que ainda caiu nessa. Por isso o bem feito, tem gente que precisa tomar um tufo para aprender. Por essas você entende porque o conto do bilhete premiado ainda dá certo.

Ponto final

Que vitória da seleção de futebol feminino do Brasil. Nunca tinha visto aquele paredão alemão chamado Angerer tomar um gol sequer. A mulher podia jogar sozinha contra onze que defendia tudo. Por isso, quando liguei a TV e vi "1x0" contra, já estava pensando na medalha de bronze. E nem vi o gol de empate. Tanto tempo esperando para ver aquela mulher catar a bola na rede e perdi! Pensei que era só esperar os penais. E eis que a Cristiane faz outro. "Gol! Toma alemã!", gritei, derramando o café a pouco colocado na boca. Depois ainda vibrei com aquelas pinturas de gol da Marta e da Cristiane de novo, quando o Luciano do Valle, narrador da Band, não se segurou:

"Tô vendo o Pedro Bial pulando aqui na minha frente de um lado para outro, sem parar. Isso é bem melhor que apresentar aquele teu programa!!!"


No fim, deu pena das germânicas, apesar de ser a primeira vez que ganhamos da Alemanha no feminino. Esta imagem de Garefrekes vermelha, sufocada pelo calor de Xangai, era o retrato de todo o time, uma equipe morta fisicamente. Mas o preparo físico faz parte do jogo, como bem nos mostraram os húngaros na Copa de 54.

Com todo o respeito, mas eu não achava que Toninho Malvadeza, Roberto Marinho e Dercy Gonçalves iriam morrer, que o Eurico Miranda deixaria de ser presidente do Vasco, que o Rubinho voltaria ao pódio e muito menos que a Angerer tomaria um gol.

Crédito da foto: Site DFB/Bongarts/GettyImages

Nenhum comentário: