Que comecem os jogos!
Estava assistindo na TV outro dia o filme oficial da Olimpíada de Seul, em 1988, e comecei a pensar em como era louca aquela história de, em duas ou três semanas, reunir em um mesmo lugar aqueles que seriam os melhores atletas de diversas modalidades esportivas. Do gordo halterofilista às magricelas do atletismo, dos gigantes do basquete às anãs da ginástica, tem espaço pra quase tudo.
E em Pequim nesta sexta-feira, 08/08/08, às 08:08 da noite do horário chinês, recomeça essa grande reunião. Até o dia 24 de agosto, mais de 10 mil atletas de 205 países darão o máximo de si para romper seus próprios limites em 31 esportes e, se possível, conquistar medalhas de ouro, prata e bronze que, neste ano, ganharam o acompanhamento das valiosas pedras de jade do país anfitrião.
Escrevi a conquista de medalhas como "se possível", e não como principal, lembrando tão repetida máxima do Barão de Coubertin, idealizador dos jogos modernos, de que o importante é competir. Se para alguns a meta é conseguir os prêmios principais, muita gente voltará a seu país como herói por ter entrado na disputa. Estas são, para mim, as imagens mais importantes que podem ficar como legado desse período de confraternização esportiva.
Estava lendo na revisa Seleções Readers Digest deste mês matéria sobre o espírito olímpico. Casos de atletas que preferiram ajudar "inimigos" a ganhar a prova ou o hipista que, ao sentir a fadiga de seu cavalo, abandonou a prova para não sacrificar seu animal.
Não me importa muito se o nadador norte-americano Michael Phelps vai quebrar o recorde de medalhas de ouro de seu compatriota Mark Spitz, se Asafa Powell, Tyson Gay ou Usain Bolt vencerão os 100 metros, se a Seleção Brasileira masculina finalmente ganhará o torneio de futebol ou se os comandados de Bernardinho no vôlei conseguirão o bicampeonato. Prefiro outras histórias.
Como a do grego Spyridon Louis, nos primeiros jogos olímpicos modernos, em Atenas, em 10 de abril de 1896. Sem favoritismo algum, este carteiro surpreendeu conquistando a maratona, superando adversários favoritos que iam ficando pelo caminho. Ao seu lado, do início ao fim da prova, estavam seu cachorro (supostamente chamado "Zeus") e um primo montando um cavalo.
Ainda em maratonas, o etíope Bikila Abebe correu com os pés descalços os 42.195 metros e venceu em Roma, em 1960. Vanderlei Cordeiro de Lima, agarrado por um irlandês louco durante a corrida em 2004, até hoje é mais lembrado que o campeão. Ou ainda, a imagem da cambaleante suíça Gabriele Andersen-Scheiss, em Los Angeles 1984, tentando a qualquer custo completar a prova, em 37ª, vinte minutos após a vencedora, e levando quase seis minutos para percorrer cerca de 100 metros.
E quando você estava acostumado a treinar numa piscina de 20 metros de um hotel e precisa competir em uma de 50, como fica? Eric Moussambani, nadador da Guiné Equatorial, encarou o desafio e completou os 100 metros da qualificatória em 1:52.72, muito acima dos 47.84 segundos do medalhista de ouro. E quem se importa?
Não creio que, neste ano, a imagem mais marcante será esportiva, mas sim política. É impossível ignorar estas questões. Acredito em algum protesto no momento da premiação de algum atleta. Algo como o gesto marcante dos norte-americanos Tommie Smith e John Carlos de punhos fechados no pódio na Cidade do México em 1968.
Então, programe-se e coloque-se um desafio também. Esqueça um pouco do futebol, vôlei, ginástica, natação e judô e procure conhecer e acompanhar um esporte diferente durante estes jogos. Ainda que o fuso complique, e se nossas emissoras de TV permitirem, vai valer a pena.
Ponto final
Num dia 8 como hoje, em 2003, uma amiga e colega de estágio me convenceu a entrar nesse negócio de blog para escrever sobre jornalismo ou o que me desse na telha. Assim começou o Parcialidade Total, há cinco anos, por mais que às vezes fique desatualizado (algo que, por vezes, até causou irritação em uma leitora em especial... eheheheheh). No início era difícil saber sobre o quê escrever, e fui mexendo no template. Aos poucos os textos foram saindo. Tenho saudade da cobertura quase online num Festival de Cinema de Gramado, aproveitando pontos de internet gratuita na cidade. Mas o que gostaria de poder retomar mesmo era o resumo das manchetes de jornais internacionais, visitando periódicos por todos os cantos e traduzindo as informações mais importantes.
Obrigado aos leitores anônimos, aos que deixam comentários, e a você que leu até aqui mesmo tendo achado o site sem querer no Google.
PS: Muitas das informações sobre Olimpíada deste post foram retiradas do livro "Olimpíada 100 anos", de Sílvio Lancellotti
ヘアサイクルについて
Há 8 anos
Um comentário:
Velho, muito bom o post. Só faltou a história do nosso ciclista nessa olimpíada, que percorreu o trajeto com uma pedra nos rins. Chegou em último, mas competiu. E a história do corno português que se vingou do João Derly no tatame. Hehehe!
Há quanto tempo tu está com esse template? Se precisar de uma mão pra mudar, estamos aí. Agora estou coemçando a ficar por dentro da blogosfera, hehehehe. Abraços!
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