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sexta-feira, agosto 14, 2009

Tudo para estar em Buenos Aires

Se eu não conhecesse bem a pessoa que me contou essa história, eu diria que era mentira. Mas o autor do relato é de confiança, por mais incrível (e estranha) que a situação que vou descrever a seguir possa parecer. Não é o tipo de atitude que eu apoie. Mas não dá para não reconhecer o esforço e a doideira desse viajante.

Era uma viagem em família para Buenos Aires. Eram 12 pessoas que embarcariam às 9h da manhã em Porto Alegre. Às 7h, o pessoal começou a chegar, inclusive o personagem da nossa história. Só que o cidadão queria ir para a Argentina sem passaporte e sem identidade, documentos que ele nem sabia onde estavam. Tinha consigo apenas a carteira da Ordem dos Músicos, que não servia.

Não tinha jeito, ele não iria embarcar. Pior, perderia o aniversário da sua esposa, que aconteceria durante a estada entre os portenhos. “Não te preocupa. No dia, vou estar lá junto contigo”, prometeu diante de todos, quando se despediram no embarque.

Aí começou a saga. A alternativa seria ir de ônibus. As possibilidades eram São Borja e Uruguaiana. Rumou para a primeira, onde acreditava que seria mais fácil passar pela Aduana. Mas, chegando lá, após mais de 8 horas de viagem, foi desencorajado por amigos músicos locais. Recomendaram tentar ir até Uruguaiana. Mais algumas horas dentro de ônibus. Ali, nem os conhecidos encontrou.

Distante de Porto Alegre (e cada vez mais longe de conseguir ir a Buenos Aires), resolveu contar sua história a um taxista da rodoviária. Compadecido, o homem resolveu lhe ajudar. “Entra aí. Mas vai dirigindo.” E assim foram, o taxista como passageiro e nosso personagem guiando táxi, sem nem carteira de motorista!

A estratégia deu certo. Ao chegar na aduana de Paso de los Libres, o policial, obviamente, pediu apenas a identificação do passageiro e o “motorista” pode seguir para a capital e cumprir a promessa que havia feito em Porto. Para voltar, bastou dar queixa na polícia lá de roubo dos documentos e conseguir a autorização na embaixada brasileira. Mais uma vez, não é o tipo de atitude que eu apoie. Mas é uma história curiosa.

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