Mas vai além disso. Acho que um jornal é um grande retrato da situação do país no momento em que você estava lá.
Agora estou começando a ler os periódicos comprados nas férias. E dentro de uma revista Seleções Reader`s Digest argentina, tinha um curioso anúncio dos "Correos Argentinos", com a chamada Não receba apenas contas para pagar. Vamos voltar a escrever".
A campanha, por mais fora do comum que possa parecer, faz sentido. Hoje temos caixa de correio apenas para receber contas e propagandas. É quase como um e-mail para receber apenas spam.
Um dia desses precisei mandar uma carta e lembrei de que aprendíamos a preencher um envelope no colégio. Destinatário na frente, remetente atrás. Endereço completo e, principalmente, não esquecer o CEP.
Acho que a única esperança para essa campanha dos correios argentinos é as cartas terem o mesmo destino dos discos de vinil, a coexistência. Todos diziam que os LP's estavam mortos e muitos entregaram suas coleções em briques e hoje um disco que custava 5 reais há dois anos não se encontra por menos de R$ 30, R$ 40, e convivem pacificamente com CDs e MP3.
Em contra das cartas, entre outros, o fator ecológico, da economia de papel gerada pelo uso de e-mails. Sem falar no fato de você não ter de rasgar um e-mail por errar uma palavra quase no fim. Há, ainda, a praticidade de não precisar sair de casa, ir até uma agência para fazer envio, enfrentar filas e esperar de dois a sabe-se lá quantos dias para a mensagem chegar ao destino.
Esse é o anúncio e abaixo está o texto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheLEcsXgTk7iR9Nk3rle90limYywg7zktszBH5JKmADUyKs6e8gl-_giIYR5z6zArTR86Xy_wS1EYBjjWWWKAoU-kOgHoK8j5_YxVr-V0GMeTo1Fe4OfyDCpGM5Eisnot6d4QW/s400/20090909.jpg)
Não receba apenas contas para pagar. Vamos voltar a escrever.
Vamos voltar a escrever "Te amo mamãe" em um folha grande com marcadores de cores.
Vamos voltar a escrever uma carta às namoradas, uma carta imensa em um folha quadriculada, linha por linha.
Vamos voltar a escrever e ser admiradores secretos, desses que deixavam a pessoa sem ar.
Vamos voltar a colocar cartas onde diz cartas.
Vamos voltar a escrever e não teclar, para lembrarmos ainda que seja, de que não é o mesmo um corretivo, uma borracha, um mata-borrão que o delete do PC.
Vamos voltar a escrever, vamos voltar a ler uns aos outros.
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