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quarta-feira, setembro 09, 2009

Campanha para voltarmos a escrever, não teclar

O pessoal geralmente não compreende a quantidade de papel que trago quando volto de uma viagem. São revistas, jornais, anúncios de supermercado, panfletos de rua, guardanapos de cafeterias. Como desculpa, sempre digo que faz parte da minha profissão ver como são os impressos quando estou num lugar diferente.

Mas vai além disso. Acho que um jornal é um grande retrato da situação do país no momento em que você estava lá.

Agora estou começando a ler os periódicos comprados nas férias. E dentro de uma revista Seleções Reader`s Digest argentina, tinha um curioso anúncio dos "Correos Argentinos", com a chamada Não receba apenas contas para pagar. Vamos voltar a escrever".

A campanha, por mais fora do comum que possa parecer, faz sentido. Hoje temos caixa de correio apenas para receber contas e propagandas. É quase como um e-mail para receber apenas spam.

Um dia desses precisei mandar uma carta e lembrei de que aprendíamos a preencher um envelope no colégio. Destinatário na frente, remetente atrás. Endereço completo e, principalmente, não esquecer o CEP.

Acho que a única esperança para essa campanha dos correios argentinos é as cartas terem o mesmo destino dos discos de vinil, a coexistência. Todos diziam que os LP's estavam mortos e muitos entregaram suas coleções em briques e hoje um disco que custava 5 reais há dois anos não se encontra por menos de R$ 30, R$ 40, e convivem pacificamente com CDs e MP3.

Em contra das cartas, entre outros, o fator ecológico, da economia de papel gerada pelo uso de e-mails. Sem falar no fato de você não ter de rasgar um e-mail por errar uma palavra quase no fim. Há, ainda, a praticidade de não precisar sair de casa, ir até uma agência para fazer envio, enfrentar filas e esperar de dois a sabe-se lá quantos dias para a mensagem chegar ao destino.

Esse é o anúncio e abaixo está o texto.


Não receba apenas contas para pagar. Vamos voltar a escrever.

Vamos voltar a escrever "Te amo mamãe" em um folha grande com marcadores de cores.
Vamos voltar a escrever uma carta às namoradas, uma carta imensa em um folha quadriculada, linha por linha.
Vamos voltar a escrever e ser admiradores secretos, desses que deixavam a pessoa sem ar.
Vamos voltar a colocar cartas onde diz cartas.
Vamos voltar a escrever e não teclar, para lembrarmos ainda que seja, de que não é o mesmo um corretivo, uma borracha, um mata-borrão que o delete do PC.
Vamos voltar a escrever, vamos voltar a ler uns aos outros.

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