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sábado, fevereiro 17, 2007

“Carnaval, carnaval, eu fico triste quando chega o carnaval”

Sempre que chega nesta malograda época do ano, esse verso me vêm à cabeça. A primeira vez que o ouvi foi naquele CD Acústico dos Titãs, há uns dez anos. Certo que a intenção do Luís Melodia era outra, mas tomo para mim o sentido real da frase. Nesses quatro dias (cinco, seis, sete – sabe como é brasileiro...) terrivelmente obscuros do ano sempre ando preparado. Por não curtir tão desgraçada festa, parece que ela também não vai com a minha cara.

Exagero? Bom, veja meu dia hoje (e isso que é só a véspera)...

Por ser carnaval, meu padrinho veio de fora para pegar um avião a Brasília, onde vai passar o maldito feriado.

Por ser carnaval ele se atrasou para sair e pegou um trânsito daqueles na estrada. Eu tinha uma hora para levâ-lo ao aeroporto, voltar para casa e sair para o trabalho. Mas quando ele parou aqui na frente, fui abrir o portão e ouvi um estouro. O portão parou. Apertei o controle novamente e ele tornou a fechar. Tentei abrir e não pude mais. A solução era abrir à mão (não se esqueçam que o tempo está correndo). Era um peso incomum. Simplesmente não subia e, quando se conseguia um pouco, ele voltava. Fui entender ao ver que o cabo do contra-peso, que segura esse tipo de portões, havia arrebentado. Depois de 8 anos, justamente na véspera do carnaval... Apenas trancamos e saímos assim mesmo.

Por ser carnaval, o caminho mais próximo estava conturbando, pois exigia passar ao lado do Sambódromo de Porto Alegre (acredite: existe...) onde as primeiras escolas de samba de um grupo intermediário se preparavam. Mas conseguimos seguir adiante e, na única coisa que deu certa hoje, chegamos em pouco mais de 15 minutos (praticamente metade do tempo esperado). Ele embarcou e eu fiquei com o carro. Decidi voltar pela Freeway, para poder sentar o pé e chegar antes em casa.

Por ser carnaval, mais ou menos às 17h30, a estrada estava cheia de motoristas fugindo de Porto Alegre rumo ao litoral. Trânsito andando, mas muito pesado. Cheguei em casa, estacionei o carro do lado de fora e fiquei esperando a chegada da minha irmã para, enquanto eu segurasse o portão, ela colocaria o carro na garagem.

Por ser carnaval, o trânsito dentro da cidade também estava um inferno. Como o calor hoje. Assim, ela chegou quase 18h10. Ou seja, já tinha 15 minutos de atraso. Segurei o portão enquanto ela reclamava que não sabia dirigir aquele carro e que não ia dar certo. E eu, usando sapato, calça social e uma camisa de basquete rasgada, com as mãos engraxadas segurava o portão e argumentava que carro é tudo igual. Deu certo e 18h20 estava dentro do carro dela rumo ao trabalho.

Por ser carnaval foi preciso fazer um desvio no trajeto que seria o mais simples para poder chegar à tempo. Evitar qualquer caminho que passasse perto das saídas de Porto.

Por ser carnaval estavam todos loucos no trânsito. Uns querendo se mandar de uma vez. Outros, pareciam estar aprendendo a dirigir ou haviam tirado o carro da garagem depois de semanas parado, tamanhas burradas que faziam.

Mas cinco minutos antes do horário, entrei no jornal. Para mim, acho que essa porcaria desse carnaval é uma espécie de Divina Comédia do Dante, mas ao contrário. Ao invés de subir, são quatro dias que vou mais pro fundo.

Sem problemas. Segunda estou indo pro refúgio. Dois dias isolado do mundo e de qualquer mísero barulhinho de bateria ou trio elétrico. Quem gosta, que aproveite. Não vejo a hora de chegar março.

Ponto Final longo...

Notas do espelho de uma semana de véspera do sacrilégio:
- achavam que eu tinha 30 anos; faltam sete, mas já fiquei bem animado com a avaliação.
- outro dia, no intervalo de um exercício e outro na academia, me chamaram: “ô, moço, tá fazendo com quanto peso?”
- fila do caixa do mercado. Camisa do Milan no corpo, comprando ingredientes para um bom molho. Comentário do caixa: “com essa camisa e comprando isso, dá até pra dizer que é italiano”. “Só a descendência”, respondi.
- e teve mais: “Tá parecendo aquele jogador do Milan e da Itália, o Gattuso” (sei lá, veja aí embaixo e tire a prova)


- parecido ou não, tanto faz. Gosto do futebol do Gattuso. Na Itália, por seu estilo, sua raça, força e “sutileza” nas jogadas o chamam “il Rino”. Mas graças a ele é que o Kaká pode ficar fazendo suas firulinhas.

PS: E quando achei que nada poderia ficar pior às 3h45, tendo que acordar às 6h30, o blog me obriga a atualizar a conta e me faz esperar para postar...

2 comentários:

Anônimo disse...

As pessoas não entendem as diferenças. Tem gente que não aceita que há pessoas que não gostem de carnaval. Fora a porra da prefeitura que inventou de criar um sambódromo pra saciar essa onda de gaúcho achar que é carioca.

Por que não se cria um rockódromo?

Anônimo disse...

Bom... se tu não der certo como jornalista, pode ir pra Itália e faturar uma grana como dublê do Gattuso. Quando algum jogador fizer uma entrada dura por trás (ui!) você fica no lugar do italiano. E alegre-se, melhor isso do que dublê do Materazzi, que leva cabeçada (ui! 2) toda hora, até na boca (ui! 3).

Abraços!