Parcialidade Total, por Eduardo Leonardi

“Quer responder meu questionário?”

É quando você chega do trabalho e pensa que o seu dia terminou que alguém lhe coloca um desafio pela frente: pensar sobre si mesmo. A deixa me foi lançada, em tom de provocação, pelo Piero, em seu Mundo Piero. Circula na Internet a tal da história do “Meme”, um baita nome esquisito que, no meu entender, lembra aqueles questionários que as gurias faziam na escola perguntando tudo sobre a vida do indivíduo e no final pedia pra deixar um recado. A grande maioria era sempre “Você é muito legal, continue sendo assim!”, com pequenas variações causadas por erros de português.

Já tinha visto algo semelhante em um blog gringo que acessei sem querer no final de semana. Em três dias, a versão em traduzida ao português chegou até mim. Coisas da Internet. Até o final da semana, vai ser tema de matéria do Jornal Nacional. Parece que estou até vendo a Fátima Bernardes anunciando: "Uma nova moda toma conta da Internet no Brasil. Os memes invadiram os blogs nacionais". Em seguida, entra a Isabel Ferrari entrevistando um grupinho de patricinhas do Moinhos em frente a seus computadores respondendo questionários...

Confesso que a coisa me parece complicada de se fazer às 2 da manhã. Mas como tenho a tendência a ter as idéias mais claras nesse horário e me sinto mais disposto a externá-las do que em qualquer outro período do dia, lá vai.

5 coisas que quero fazer antes de morrer: (pode-se questionar um “meme”? mas acho interessante colocar algumas notas: ok, vou morrer qualquer dia, mas preciso pensar nisso agora?)
- torcer pelo Boca na Bombonera, em Buenos Aires. Poderia ser num clássico contra o River, valendo o campeonato.
- comprar meu JK na Andradas, de preferência bem perto da Casa de Cultura Mario Quintana;
- abrir um hostel em Porto Alegre, com temática açoriana, e suprir essa carência da cidade;
- voltar à Itália, principalmente a Castelraimondo, e reencontrar as pessoas que conheci lá;
- deixar meus registros sobre as páginas do jornal onde trabalho.

5 coisas que eu faço bem: (momento “eu me amo” do questionário...)
- Manter a calma;
- Planejar viagens;
- Cozinhar (ok, ainda estou aperfeiçoando, mas as últimas invenções não fizeram mal às cobaias);
- Fazer o que deve ser feito;
- Ser amigo daquelas pessoas que estão sempre na minha mente, ainda que estejam distantes ou que há muito eu não tenha contato. Isto é pela opção da qualidade nas amizades ao invés da quantidade.

5 coisas que eu mais digo:
- Tranqüilo.
- O importante é ter um norte para motivar.
- Fazendo as coisas direitinho, com empenho e dedicação, nossas escolhas sempre serão as mais adequadas.
- O brabo é dar tempo ao tempo.
- Bah! Tchê! e qualquer outro regionalismo.

5 coisas que eu não faço ou não gosto de fazer:
- voltar após uma boa viagem;
- ouvir o ensaio ou qualquer festa da escola de samba perto da minha casa;
- estacionar o carro e me deparar com um flanelinha aproveitador;
- chegar atrasado;
- o tal do “jeitinho brasileiro”, definitivamente.

5 coisas que me encantam:
- coerência;
- respeito;
- bons exemplos;
- uma boa partida de futebol, com empenho tático e força na marcação;
- um dia de trabalho bem realizado.

5 coisas que eu odeio:
- falsidade;
- a valorização de maus exemplos (gravidez na adolescência nas novelas, traição, malandragem, brutalidade) e não das boas atitudes (planejamento familiar, comunicação, humildade, honestidade - caramba, isso não deveria ser qualidade, mas sim característica de todos)
- falta de comunicação em festas;
- não ver intolerância quando esta seria necessária e observar tolerância demais quando deveria haver rigor (vide legislação e o Poder Judiciário em si);
- odeio odiar qualquer coisa. Dá pra tentar coexistir.

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Bom, alguns tópicos acabam tendo mais de uma resposta, o que eleva o número acima dos cinco solicitados. No final, eu deveria indicar cinco blogueiros para continuarem a corrente. Mas, desculpe, a essa hora, e depois de um teste de nivelamento e deste questionário, apenas recomendo a quem ler e gostar que publique em seu blog e comunique depois.

Aliás, voltando à questão dos questionários, poder ter em mãos as folhas da guria mais bonita da classe era um privilégio. Ou era considerado como tanto, ainda que ela tivesse passado apenas por educação ou para completar mais rápido as linhas. E quantos não liam as respostas dos outros colegas? E só eu sei quanto tempo levei para escrever que sim, eu ouvia uma rádio AM! Anos depois fui entender que era um chamado da profissão, mas para um guri de 12 anos explicar porque ouvia a Guaíba...