Parcialidade Total, por Eduardo Leonardi

O dia que fui argentino

Rimini, Itália, novembro do ano passado. Aproveitando o fato de estar por perto, a curiosidade de conhecer a cidade onde nasceu Federico Fellini me levou a este balneário da costa do Adriático.


No início da tarde, logo após o almoço, fui até a Via Oberdan, onde está a antiga residência dos pais de Fellini, hoje museu e sede da fundação que reúne o legado do diretor de cinema italiano. Uma pequena sala era ocupada por uma mostra de fotos e, ao canto, uma lojinha, na qual se podiam encontrar livros, camisetas, postais...


Comigo ali estava apenas uma senhora atendendo na loja. Perguntei se tinha mais alguma coisa para ver e ela me respondeu que era aquilo mesmo, mas que estavam reunindo materiais do diretor para fazer um grande museu em sua homenagem, em Rimini ou em Roma. Contei para ela de onde vinha e o que me levara até ali e começamos a conversar sobre as obras de Fellini, a influência dos seus sonhos, o fato de não filmar na cidade natal, mas sempre reconstruí-la em outros lugares, entre outros assuntos.

Até que ela me perguntou de onde eu era mesmo.

- Sou de Porto Alegre, uma cidade no sul do Brasil, bem perto do Uruguai e da Argentina.

- Ah, você é argentino! É um país muito bom. Estive em Buenos Aires uma vez, adorei a cidade. Você mora em Buenos Aires mesmo?

A resposta me surpreendeu e tentei explicar que era “perto” da Argentina, não exatamente lá. Feita a explicação, continuamos a conversa. aproveitei para comprar um livro com os desenhos feitos pelo diretor no planejamento de seus filmes, além de alguns postais, com cartazes de filmes, uma foto dele com a esposa, Giulietta Masina, e uma imagem da cadeira vazia com seu nome em Cinecittà.

Quando estava saindo, a senhora me chamou de volta e me deu, de presente, um bonito bloco de papel com uma imagem do diretor desenhada na capa, e se despediu:

- Aproveite bem o seu passeio em Rimini. E boa viagem quando voltar para a Argentina!

Ponto Final

Segundo o Blogger, este é o post de nº 50 desde o lançamento deste blog, há um ano atrás. Na verdade, contando o antigo Parcialidade Total, já são mais de quatro anos de postagens, alguns períodos de abandono, parceiros que entraram na barca e pularam fora. Nesse meio tempo, assuntos interessantes, outros nem tanto mas, e aqui o mais importante, é ter os amigos como leitores dessas histórias, aos quais agradeço. Isso motiva a escrever.