Sra K
Como até as folhas das árvores da Avenida de Mayo já sabiam, Cristina Fernandez de Kirchner foi eleita presidente da Argentina já no primeiro turno. Primeira dama e senadora da República, Cristina se prepara para substituir o marido, Nestor Kirchner, para um período de quatro anos a frente da nação vizinha. Ele poderia tentar a reeleição, mas abriu espaço para a esposa já neste momento, e não após oito anos de mandato, o que poderia, por causa do desgaste, causar uma derrota. Dependendo do desempenho de Cristina, pode estar surgindo uma nova dinastia.
Mas será complicado para a Sra K, como a presidente eleita é chamada nos meios de comunicação. Apesar da recuperação do país após a crise de 2001, problemas como pobreza, desemprego, insegurança e inflação serão os desafios de um governo que, em sua campanha, trabalhou com a idéia de “sabemos o que falta, sabemos como fazer”. Ela enfrentou críticas durante a campanha por estar utilizando a máquina pública a seu favor, com um forte setor de propaganda.
No caso da inflação, existem denúncias de que os órgãos oficiais estariam “alterando” os números reais. Ações como “acordos de preços” foram comuns às vésperas das eleições, talvez até envolvendo subsídios. Envolvendo toda a cadeia de produção, esses acordos permitiram a manutenção do preço de certos produtos, pelo menos por enquanto. É provável que, quando essa negociação passar, aconteça uma disparada de preços e índices de inflação.
Outro detalhe foi o fraco envolvimento do país com as campanhas. Sinceramente, esperava mais militantes nas ruas. Nas ruas de Buenos Aires, nada do show de papéis e barulhos como no Brasil. Apenas outdoors, pichações em viadutos, propagandas na TV (inserções de 30seg, uma vez que não há horário eleitoral) e durante jogos de futebol. Apenas na segunda passada (22) apareceram alguns carros de som tocando jingles.
Além de tudo, Cristina será a presidente do Bicentenário da Argentina, comemorado em 2010. Cabe a ela fazer valer o documento da Independência, assinado na Casa de Tucumán, possa valer cada vez mais. Será ela uma nova Evita? Complicado dizer. Afinal, esse tipo de comparação pode ser considerada uma ofensa maior do que xingar a mãe. Coisas da Argentina.
Ponto final
E o Brasil, hein? Quando vai eleger uma mulher a Presidência? Segundo matéria no Clarín, a duas semanas, Dilma Rousseff, atual ministra-chefe da Casa Civil, seria a preferida de Lula para a sua sucessão. Acredito que Heloísa Helena vai encabeçar novemente a lista do PSOL e não tentará a candidatura a Senadora por Alagoas. Mas não sei se será em 2010 que uma mulher vai assumir o país...
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