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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Memórias de viagem 6
El “rágbi”

Imagine um esporte semelhante ao futebol americano mas sem todas aquelas proteções. Assim é o rugby, esporte que surgiu na Inglaterra no século XIX. Conta a lenda que, durante uma partida de futebol na cidade inglesa de Rugby, um jogador, William Webb Ellis, pegou a bola com a mão e disparou, faceirito, em direção a linha de fundo. Os outros também gostaram da idéia e o jogo se popularizou na ilha da rainha e suas possessões.

As regras do jogo não são muito simples. Durante as férias, conversei com argentinos e ingleses para ver se alguém poderia me explicar um pouco melhor como funciona a coisa. O máximo que tirei era o que já sabia: jogam 15 para cada lado, o objetivo é marcar o “try” (como o touchdown do futebol americano), a bola não pode ser passada para jogadores que estejam à sua frente. Agora, porque marcam faltas, ou porque eles se juntam na estranha jogada chamada “scrum”, ou todo o agarramento em um “maul”, ninguém sabe explicar. “Quando sai um try ou marcamos um ponto, a gente comemora. O resto é porque é. Mas é sempre um bom motivo para reunir os amigos num pub e tomar umas cervejas”, me explicou um inglês.


Alguns “tackles”, a sutil defesa do Rugby


O troféu da Copa do Mundo do esporte leva o nome de seu fundador. Realizado a cada quatro anos, o torneio é a terceira maior competição em audiência, ficando atrás das Olimpíadas e do Mundial de futebol. Em 2007, entre setembro e outubro, a França foi sede do campeonato.

Da América do Sul, apenas a Argentina participou. O desempenho dos “Pumas”, como a seleção é chamada, gerou uma mania nacional pelo rugby. Os atletas ganharam as páginas dos jornais e os outdoors em anúncios destacando a força e a união do grupo. Em uma, estão todos os jogadores enfileirados para o hino e, entre eles, pessoas comuns, com a frase “El en Mundial, somos todos Pumas” assinando a peça. Em outro, a palavra “rugby” riscada e, sobre ela, reescrito como “rágbi”, e o texto “A Argentina está mudando a história do esporte”.

Todos somos Pumas (mas todos mesmo...)


Já na primeira partida, vitória contra a França que, jogando em casa, tinha toda a torcida a seu favor. Depois, a equipe ainda superou rivais tradicionais como Irlanda e Escócia, perdendo apenas nas semifinais, para a África do Sul (que terminaria ganhando o campeonato numa final contra a Inglaterra, que buscava o bi). Uma nova vitória contra a França, na decisão pelo terceiro lugar, garantiu aos Pumas sua melhor colocação nas Copas e uma grande festa no aeroporto de Ezeiza no retorno dos jogadores.

Ignacio Corleto, um dos craques da seleção, parte para o try contra a França.(Foto: site UAR)

Apesar disso, o rugby argentino tem outros desafios para se firmar entre as grandes seleções. Desorganização na confederação local, falta de apoio e de uma liga nacional são alguns. Além disso, o desinteresse dos próprios argentinos. “Agora é assim. Todo mundo fala de rugby e adora o esporte, viva Pumas, etc. Mas isso é só uma moda, daqui a pouco passa, vêm outras”, me disse uma argentina. Bom, não só lá. Lembrei da época do Guga e o tênis, o basquete com o Oscar e até a ginástica com Jade, Daiane, Daniele, Laís e todas as outras meninas. Nas boas horas, aparece um monte de entendidos.

Capa do Olé após a última partida. Entusiasmo pode ser apenas uma moda.


Ponto final

A origem do apelido “Los Pumas” é curiosa. Desde a sua origem, o símbolo da Unión Argentina de Rugby é um jaguar. Na primeira excursão à África do Sul, em 1965, na qual a seleção obteve seu primeiro grande triunfo internacional, os jornalistas africanos colocaram em seus títulos “a vitória dos Pumas argentinos”. Apesar do erro, o apelido pegou.

Força, união, coragem, lealdade e patriotismo são adjetivos associados aos Pumas. A Adidas (fornecedora de material da seleção de rugby) se aproveitou dessa identificação e a colocou na sua publicidade divulgada no país durante o mundial, como você pode ver abaixo.

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