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terça-feira, dezembro 18, 2007

Memórias de viagem 8
É, não deu...

Acordei na manhã do domingo pouco antes de começar a final do Mundial de Clubes da FIFA entre Boca e Milan. Na verdade, o confronto entre o meu time favorito na Argentina contra o meu preferido na Itália. Apesar disso (e do fato do Grêmio ter perdido a Libertadores para eles), estava disposto a torcer pelos sul-americanos. Quando vi o Galvão Bueno dizer “E aí, você vai torcer para o Milan de Kaká, Dida e outros brasileiros, ou para o argentinos...”, com um tom pejorativo na última palavra, reforcei ainda mais a torcida.

Mas Miguel Russo, técnico boquense, não colaborou comigo. A todo momento se via o meio campo milanista em liberdade, sem a pressão da marcação, facilitando o trabalho de craques como Kaká e Seedorf. A derrota por 4 a 2, com a participação do brasileiro em todos os lances dos gols dos rossoneri (inclusive marcando o seu), é uma prova disso.

Também faltou criatividade na armação de jogadas do time argentino. Foi o mesmo problema que tive a oportunidade de ver, ao vivo na Bombonera em outubro, quando praticamente os mesmos jogadores de ontem entraram em campo para enfrentar o Estudiantes de La Plata.

Quando planejei as férias, conferi o calendário do Campeonato Argentino para ver se teria alguma partida do Boca em casa naquele período. Tinha, e seria um dia antes do meu retorno a Porto Alegre.

Enfim chegou o dia. Para evitar problemas que muitas vezes acontecem nas proximidades do estádio, decidi ir com um pacote oferecido no Hostel. Por 150 pesos, ingresso incluído, uma van me pegaria no hostel, me deixaria dentro do estádio, com um guia para o grupo, e, ao final da partida, levaria do estádio de volta ao albergue.

Uma verdadeira frescura desnecessária. Como fomos em dez lá do Hostel, mais ou menos, poderíamos ter ido de táxi (não sai muito caro do centro a La Boca, ainda mais dividindo), comprar os ingressos no estádio e depois voltar de táxi, sem riscos (só não dá pra ir e voltar sozinho ou com camisas de rivais). Erros de marinheiros de primeira viagem.

Pronto para entrar no estádio. Detalhe do ingresso virado na mão do sujeito... (sinal de que o resultado não seria bom?)

Chegando no estádio, descobri que o nosso ingresso do setor atrás do gol, no último andar. A Bombonera não é muito larga, pois não há como ampliar para os lados, então as ampliações foram feitas para cima. Ou seja, ficamos num ponto muito alto em relação ao campo.

Primeira vista lá dentro, um tanto quanto alto. Ruim para quem tem medo de altura ou vertigem. (Este é um jogo de juniores. No post anterior tem outra imagem da partida.)

As poucas pessoas que estavam ao redor também eram, na sua maioria, turistas. Acho que é um setor especial para isso. Assim, não havia aquele clima de jogo. Parecia mais um teatro ou um espetáculo qualquer, reforçado pelo show (muito bom) que é feito antes da partida.

Para piorar tudo, o Estudiantes, logo no primeiro minuto de jogo, abriu o marcador, com um gol de Piatti. Silêncio na Bombonera. Acreditem. Acontece. Se ouvia nitidamente os cerca de 4 mil torcedores adversários gritando, a 90 metros de distância, “Se hundió, se hundió”, ou algo parecido. Durante toda a partida, vi no Estudiantes aquilo que esperava do Boca. Fizeram uma marcação forte no meio-de-campo, impedindo a saída dos jogadores azul-ouro, que pouco conseguiam criar.

É sol na moleira, o tempo todo, e cara bisonha na hora da foto.

A reação só aconteceu no segundo tempo, a partir do gol de Palermo. Aí sim “La 12” voltou a se animar e levou o estádio consigo. Neste momento mesmo parado você se mexia, pois toda a estrutura de concreto ia para frente a para trás, o famoso pulsar da Bombonera. Isso não adiantou muito para motivar a equipe, que chegou a ter novas oportunidades de gol mas sem êxito. No final, empate em 1 a 1.

Na saída do estádio, enquanto com o braço esticado ajudava o guia a manter o grupo unido até chegarmos à van, pensei: “É, não deu... mas valeu a pena por ver esse time jogar”. Não sabia que, quase dois meses depois, ia ter o mesmo pensamento, desta vez bem sentado no sofá. Fiquei feliz pelo Milan.

Fim de partida. O sol estava indo, e nós também precisávamos ir.


Ponto final

Se você for à praia e quiser aproveitar para dar uma caminhada ou correr um pouco na areia dura do litoral gaúcho, não faça a idiotice deste “boludo” aqui. Não vá com os pés descalços.

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