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quarta-feira, novembro 11, 2009

Rovereto, Trentino Alto-Adige, Itália

Há três anos, após uma longa viagem de trem, estava botando os pés em Rovereto, cidade na região do Trentino Alto-Adige, no norte da Itália. Pequena, é cercada por montanhas que dão início a cadeia que forma os Alpes. É desta região que parte da família migrou para o Brasil, em 1883. É ali que mora parte dos familiares que ficaram.

O que mais me marcou do trentino são suas semelhanças aos gaúchos, principalmente pelo orgulho pela sua terra e pelas batalhas que travaram. A região só faria parte da Itália, de fato, a partir de 1918. Antes, era território austríaco. As influências deste período estão presentes na arquitetura e nos nomes das cidades.

Roberto e família me receberam e me guiaram nesse retorno às origens. Ele e a esposa já haviam estado um ano antes aqui no Brasil, marcando o reencontro entre os dois ramos da família dispersos mais de cem anos antes. Roberto é uma pessoa sensacional, uma liderança nata, bonachão, bem diferente da imagem de frieza que se tem dos italianos do norte do país. E isso se reflete na família, que me permitiu ter uma experiência única naquele belo cantinho do mundo.

Vista do Torrente (arroio) Leno, no centro da cidade, com os pré-Alpes ao fundo.

O Castelo de Rovereto. As primeiras notícias sobre sua construção datam de 1354.

Nesse órgão da Igreja de São Marco, Mozart fez seu primeiro concerto em solo italiano.

“Campana dei Caduti”. Rovereto está no limite entre a grande planície Padana e o início das montanhas. Entre 1915 e 1918, num conflito particular travado entre Itália e Áustria durante a 1ª Guerra Mundial, a cidade era o ponto de confronto entre as tropas italianas, pelo plano, e austríacas, nas montanhas. Terminada a guerra, um sacerdote local tem a iniciativa de fundir o bronze de canhões de 19 nações envolvidas na 1ª GM e fazer um sino como um pedido de paz. Todos os dias, o sino é tocado, reforçando esse desejo.

O Forte Cherle, em Folgaria, cidade vizinha a Rovereto, é uma das cicatrizes da Guerra deixadas em território trentino. Ao redor do forte, se encontram outras marcas. O solo é todo irregular, com buracos deixados pelos ataques à fortificação.

Um dos túneis utilizados pelos soldados dentro do Forte Cherle. Casualmente achei uma notícia sobre uma romaria feita ao Forte todos os anos, em agosto, e nela há uma declaração do Roberto. “Não perco uma destas caminhadas de agosto. Até porque me lembram a minha infância quando, com outros rapazes, subia estas colinas trazendo vacas. Hoje encontrei aqui perto, sobre uma pedra, um escrito feito com as minhas mãos: é de 1958”. Essa pedra eu vi.

Enfim, a vista da fração de Cueli, ainda em Folgaria. Deste pequeno conjunto de casas, um senhor partiu em busca de uma vida melhor na América. Aqui, hoje, já são mais de centenas de pessoas que dele descendem.

E ainda faltou falar de Folgaria, de San Sebastiano, do belo MART, o Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Rovereto e Trento, num prédio moderno entre casas antigas, das vinícolas locais e tantas outras coisas que me fazem querer voltar lá um dia.

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