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quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Filme: Invictus

Desde que li na orelha do livro "Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o jogo que uniu a África do Sul", de John Carlin (escrevi sobre ele aqui no blog), que a obra estava sendo transformada em um filme, fiquei esperando o lançamento. Por mais que acreditasse que, por ser um filme sobre rugby, não passaria no Brasil. E a mudança da previsão da estreia de dezembro pra janeiro só aumentou minha desconfiança.


Mas na última sexta entrou em cartaz Invictus, dirigido por Clint Eastwood e tendo Matt Damon como o capitão da seleção sul-africana, François Pienaar, e Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela. As críticas da véspera não eram as melhores: repleto de chavões, filme meloso, Eastwood perdeu a oportunidade de fazer um grande filme e até alguém sugerindo que deveria ter um locutor do esporte explicando o que acontecia durante o jogo, porque os brasileiros não conhecem rugby!

Não dei muita bola. Sábado peguei a Tassi, botei minha camiseta da Copa do Mundo de rugby que ela me deu de Natal e nos mandamos pro cinema.

Se o filme é cheio de frases feitas? De certa forma sim. Sempre foi o jeito de Mandela falar, usando ditos com alguma lição.

Pra mim, Invictus pecou muito em abordar pouco a questão política desse período de transição da África do Sul e se focar muito nos problemas da vida pessoal de Mandela (o isolamento da família). As poucas que se focam nos esforços do presidente em evitar uma guerra civil, muitas vezes indo contra o seu próprio grupo, são as melhores. Enquanto ele era questionado em sua liderança frente ao país, o capitão dos Springboks (apelido da seleção local de rugby), Pienaar, era questionado por seus próprios companheiros de time. E ambos precisavam fazer valer a tarefa que tinham, de guiar seus comandados rumo ao objetivo maior: do primeiro, unir o país. Do segundo, conquistar a Copa do Mundo de Rugby de 1995, quando seriam locais.

Freeman e Damon e os originais Mandela e Pienaar

É justamente durante a disputa do torneio que aparece, para mim, o destaque do filme, as cenas de jogo. Talvez porque eu goste do esporte. As cenas me pareceram bem reais, dá a impressão de se estar vendo um jogo mesmo, na tela grande, e dentro do campo. Muito bom.

Mas tem algumas ressalvas. Eastwood usou de forma exagerada as imagens de baixo dos scrums (clique aqui para saber o que é isso), mas serve para o filme. Afinal, é um dos momentos do jogo no qual a coletividade se faz mais necessária: oito jogadores juntos tentando obter a posse da bola "empurrando" um grupo adversário. Outra é o uso em demasia de câmera lenta nos instantes finais da última partida. Seria uma tentiva de clímax, mas cansa.

De toda a forma, saí satisfeito. Mesmo quem não entende o esporte vai compreender bem. Quem sabe até se sinta tentado a acompanhar mais sobre a modalidade, a segunda mais praticada em todo o mundo, e que vai voltar à Olímpiada em 2016, no Rio.

Mas pra quem quiser entender um pouco mais sobre aquele momento de transição da África do Sul, leia o livro. Principalmente os colegas jornalistas que irão para lá cobrir o Mundial de futebol deste ano. Vai reduzir, e muito, as chances de falar alguma besteira.

Ponto final

Falando sobre rugby, sábado, dia 6, começa o principal torneio entre seleções europeias do esporte: o Six Nations. A Irlanda vai defender o título conquistado em 2009. O site da ESPN especializado em rugby, Scrum.com, organizou uma fantasy league pra competição. Lendo aqui e ali, já escalei meus quinze, na brincadeira. Meu time ficou quase um British and Irish Lions (seleção especial com jogadores ingleses, galeses, escoceces e irlandeses): G Jenkins (GAL), M Castrogiovanni (ITA), Hartley (ING), P O'Connell (IRL), S Shaw (ING), J Heaslip (ING), N Easter (ING), T Duasautoir (FRA), C Cusiter (ESC), J Wilkinson (ENG, vai ser o kicker), B O'Driscoll (IRE), J Roberts (GAL), R Kearney (IRE), S Williams (GAL) e L Halfpenny (GAL). Vamos ver se em cinco anos acompanhando o esporte já aprendi alguma coisa.

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